terça-feira, 4 de novembro de 2014

GRATIDÃO



Nossa vida não é somente um mar de rosas e maravilhas...

Existe os dias bons e os dias maus...

A pergunta é: como vamos reagir de acordo com as situações que nos alcança? Saberemos ser firmes na tribulação? Seremos fieis na hora da bonança?

Quero compartilhar com vocês a experiência que tive nas ultimas semanas.

Dias atrás vivi uma alegria intensa ao descobrir que eu e meu esposo estávamos grávidos novamente. Que alegria saber que estávamos gerando mais uma vida, que privilegio.. Temos duas filhas preciosas, uma de 12 anos e outra de 2 aninhos. Louvamos e agradecemos a Deus por isso, compartilhamos a noticia com a família, com os amigos, era um presente que estávamos recebendo..

Passado essa alegria inicial vieram as preocupações também: como será? Teremos espaço em nossa casa para mais uma criança? E nosso trabalho, nosso ministério? Algumas privações começaram a acontecer e algumas atividades, por cuidado e atenção à minha saúde e a do bebe, foram suspensas. Comecei a enjoar, não podia estar em meus compromissos, enfim, nem tudo é como imaginamos.

Pronto, a alegria estava já se misturando com as preocupações, já direcionando as decisões, enfim, a grande surpresa e a novidade estava nos centro de nossas atenções.. e juntos estávamos lutando para manter tudo no seu devido lugar como família.

Quando tudo parecia indo de encontro ao equilíbrio, algo inesperado acontece...

Era tarde do dia 30 de novembro quando a secretária do nosso obstetra liga para anteciparmos, devido a um plantão, um exame de US que estava marcado para a próxima semana. Seria apenas um exame de rotina para verificar o andamento da nossa gestação que estava no momento com 9 semanas.

Eu e meu esposo, o Pr Jadismar (que sempre me acompanha em nossas consultas de pré-natal) fomos juntos e ao chegar lá ouvimos uma triste e inesperada noticia: o coração do nosso bebê não estava mais batendo. Diagnostico medico: Decesso embrionário, ou seja, morte embrionária.

Amados, uma noticia dessa a gente não digere assim tão fácil. Afinal e agora? Como fica? Será que o medico não errou? E a nossa fé? Vamos orar, clamar por um milagre? E se essa for a vontade de Deus, vamos aceita-la? Posso chorar? E ficar triste? Mas ou uma Pastora, tenho fé, o que as pessoas vão pensar? Como dar a noticia? E as meninas? Que exemplo eu preciso passar? Qual a lição que preciso aprender? Meu Deus, e agora??

Saímos do consultório em silencio com todas essas perguntas em nosso coração, paramos o carro em frente ao Rio São Francisco, e com o exame na mão eu e meu esposo oramos. Naquele momento de dor, agradecemos a Deus por tudo e declaramos que a nossa confiança estava absolutamente nEle. Sabíamos que Ele teria poder para mudar aquela situação, mas com muito temor pedimos ainda que essa fosse a nossa vontade, que prevalecesse a dEle.

Fomos para a casa dos meus pais, compartilhamos a noticia, recebemos o carinho e o apoio incondicional deles e logo após decidimos ir para o culto.

Era uma quinta feira. Ia se iniciar um novo trabalho na sede. Queríamos estar em comunhão, louvar a Deus independente das circunstancias. Já havíamos pregado tanto sobre isso e esse era o momento de viver isso. Sabíamos que o pior ainda podia acontecer, mesmo ainda sem sintomas eles poderiam aparecer a qualquer momento e eu não poderia fazer nada a não ser esperar...

E a tempestade veio... tive a minha crise, quis ficar sozinha... chorei... não porque duvidávamos do poder de Deus ou porque achava que Ele havia errado.. Mas porque em todo tempo não queria decepciona-lo. Sabia que em tudo Ele estava no controle e que eu precisava agir não somente segundo a Sua vontade, mas com Ele.

Muitos podem pensar: “-Mas era somente de algumas semanas, não deu tempo” Mas eu lhe digo, era uma vida, sonhamos sonhos pra ele, pensamos no nome, oramos em seu favor, celebramos a sua chegada e já imaginávamos o dia em que o pegaríamos nos braços, mostraríamos o caminho.. enfim, para nós ele já existia.. (e não falo ele, o bebe, porque acredito que era um menino, mas porque assim fica mais fácil de se referir a uma criança de forma ainda indefinida, pois sei e também ficaria muito feliz se fosse uma menina).

Sentir a presença de Deus quando a gente recebe um sim, ou quando uma porta se abre muitas vezes é muito fácil.. Agora quando a resposta é não, as coisas ficam um pouco mais difíceis.

Como foi difícil, em meio as dores, em meio as lagrimas, em meio a perda, em meio a morte, saber que Ele estava ai com Seu amor.

E esse foi o meu maior medo, o da ingratidão. E foi contra ela que tive que lutar copiosamente.

Sei e tenho absoluta consciência do amor e da prova de amor que Deus já deu por nós e eu não poderia, de maneira alguma deixar que essa experiência roubasse a minha gratidão a Ele por tudo...

Nos momentos de desespero clamei o Sangue de Jesus e busquei força olhando para a Sua cruz. E consegui, venci a mentira do inimigo que queria roubar a minha fé, que queria roubar a certeza do amor de Deus por mim.

Poder conseguir sentir a Sua mão, o Seu cuidado, a Sua provisão e principalmente o Seu amor em cada momento dessa experiência me trouxe paz, amadurecimento e convicção que Ele tem o melhor por nós. Essa foi, para mim a minha maior vitória.

Por isso hoje eu estou aqui, para dizer a você que o amor de Deus não esta relacionado ao que ele pode nos dá, mas ao que Ele já fez por nós, e isso nos basta. Ele já entregou tudo de mais valioso que Ele tinha, o Seu único filho Jesus Cristo para que pudéssemos ser novamente aceitos como filhos de Deus e recebêssemos a Sua preciosa presença através do seu doce e meigo Espirito Santo.

Não digo que não houve dor, não houve tristeza, não houve choro, mas posso te garantir que houve a Sua presença e o Seu amor.

Hoje eu O amo ainda mais, e decidi que não seria a morte do meu filho (meu bebe) que iria impedir de adorar e agradecer a Ele por tudo que tem feito pela minha vida e na minha família.

Graças a essa vitória pude comtempla-lo em cada gesto da minha família, cada abraço, cada carinho recebido dos amigos nessa hora difícil, cada mensagem... e aos poucos fui me reestruturamos e pela misericórdia de Deus hoje estou de pé para testemunhar da Sua grande fidelidade e da alegria de ter pessoas tão especiais ao nosso lado.

Que Deus te abençoe e que vc sinta a a Sua presença preciosa dentro de você te dando forças e te conduzindo a um lugar de vitória que pode estar no Seu SIM ou ate mesmo no Seu NÂO como resposta.

Que essa experiência renove a Sua fé e te ajude a permanecer no centro da vontade de Deus independente das circunstancias.

Em Cristo Jesus,

Ana Burle